PARALELOS

A fotografia sempre teve o pressuposto como sendo a realidade, mesmo que todos saibam que é apenas um recorte. Dentro dessa perspectiva, tem-se a fotografia como algo documental, mas a captura do ambiente por um equipamento fotográfico não se restringe à cena fotografada. Sua essência não pode ficar limitada àquelas duas dimensões as quais são observadas.

 

Nesse contexto, surge a Exposição Paralelos, uma ânsia em investigar as formas e texturas da natureza, as edificações e suas interações que permeiam nosso cotidiano com a intensão de despertar nos espectadores reflexões sobre sentimentos, sejam eles de paz, ansiedade, ausência ou de solidão. A participação em redes nos traz a sensação de cidadãos pertencentes a diversos lugares, mas será verdade ou apenas nos isolamos e nem mesmo percebemos o que existe a nossa volta?

Usando como inspiração os trabalhos de Caio Reisewitz, Claudia Jaguaribe e Geraldo de Barros, explorei a área urbana de Londrina em diferentes situações. Apesar de haver fotografias feitas em outras regiões, o centro tomou uma parcela maior da mostra, visto que é o núcleo em que muitos trajetos são feitos e pessoas de diferentes personalidades transitam.

 

Entram nessa perspectiva urbana três eixos: no primeiro estão as formas orgânicas fotografadas em fundos de vale a poucos metros do asfalto, em contraponto, o segundo eixo trata a verticalização característica da cidade e em seguida, o terceiro apresenta a solidão junto ao ritmo frenético das pessoas.

 

Esses eixos não representam divisões absolutas dentro da exposição, eles se entrelaçam entre diferentes fotografias, para que assim construam um discurso único.

Caminhando pelas áreas arborizadas, somos acometidos por vários sentimentos e sensações, muitas delas não são possíveis de sintetizar em uma única imagem. Para isso ser possível, além da forma convencional de fotografar – se é que existe alguma – optei por criar imagens abstratas com fusões fotográficas, algumas produzidas no momento da captura e outras na pós-produção.

 

Assim também foi a sequência de imagens em frente ao Museu de Arte de Londrina e a do calçadão visto de cima. Essas representações só foram possíveis graças a múltiplas exposições sobrepostas, pois é assim que enxergo ambos os locais, com grande circulação de pessoas alheias umas as outras.

O terceiro eixo dessa investigação imagética, funde-se com as temáticas anteriores. Diz respeito a como ocupamos a cidade, como lidamos com nosso cotidiano e é um chamamento para enxergar ao redor, de como as intervenções humanas se relacionam com as formas naturais e o que implica em nosso cotidiano.

 

Não se trata de lutar contra avanços, sejam ele controversos ou não, mas sim não deixar de viver.

 

A intenção é que a percepção de espaço e tempo não sejam determinadas pelas imagens. O objetivo foi de retratar, interpretar e reconstruir a realidade desconstruindo a rotina.

 

Gabriel Teixeira, 2024

PARALELOS